quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

HERMENÊUTICA E PODER

Com efeito tenho visto alguns irmãos fazerem um uso errado do “poder” que lhes permite a Hermenêutica e a Exegese. Munidos de princípios interpretativos, capazes de reconhecer aspectos hermenêuticos aqui e acolá, usam esse “poder” para mostrar seu próprio posicionamento em determinadas discussões teológicas, algumas históricas até, mas sempre recorrendo ao argumentum add hominem. Atacam aqueles que são seus próprios irmãos em Cristo por terem convicções hermenêuticas diferentes. Chamam-nos de “crentelhos”, “ignorantes”, entre outros pejorativos. Assim, paradoxalmente, estamos vendo muitos jovens sendo imbecilizados em seminários e faculdades teológicas na medida em que o “poder” hermenêutico lhes é conferido. A Hermenêutica é assim usada para agredir, ferir, pisar. Interpreta-se conceitos, obscurece-se a fraternidade. Domina-se os princípios, perde-se a tolerância. O “poderoso” hermeneuta se aproxima do autor bíblico, distante dele milênios, e se afasta do seu irmão, que mora ao lado. Isso, de ambas as partes. Chocante realidade! A Hermenêutica, assim como o E=MC2, é usada para finalidades destrutivas. Precisamos repensar o uso que estamos fazendo da Hermenêutica e da Exegese, hoje, especialmente nas mídias sociais. Teologia é liberdade, é diálogo, é discordância que aceita o outro… é humana! E mais que isso, deve ser de fato cristã. Onde houver teologia, ali deve haver também respeito.
RICARDO, Roney. Hermenêutica e Poder. Vila Velha: 2016.