quarta-feira, 19 de setembro de 2012

FORMANDO BONS RELACIONAMENTOS

PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA A FORMAÇÃO DE BONS RELACIONAMENTOS INTRODUÇÃO: Segundo alguns pensadores, um dos grandes problemas da chamada Pós-modernidade é “A Questão da Deserção”, ou seja a falta de credibilidade do homem nas instituições, o que acaba levado o ser humano a abandoná-las. Portanto, não é por acaso a falta de interesse que as pessoas têm em nossos dias pela política, história, questões sociais, trabalho e pela igreja. Tudo isso é fruto do momento por que passamos. A IGREJA é, sem dúvida, uma das instituições que mais sofrem com o ataque do “espírito dos tempos”!!! As pessoas vêm à igreja em busca de uma experiência com o transcendente (verticalizadoras). Só que essa experiência as leva também à experiências imanentes (horizontalizadoras). Crer em Deus, viver com Deus, estar em comunhão com o Senhor traz uma série de implicações para a vida do crente. Pois além do desenvolvimento de consceitos teológicos, de uma cosmovisão e de uma mentalidade, é mister também desenvolver um modus vivendi de acordo com valores e princípios. As relações extra-eclesiásticas e intra-eclesiásticas, sejam pessoais ou institucionais, precisam ser alicerçadas na Ética Cristã. Dizem que vivemos numa época de crise ética, pois nosso tempo é marcado pela idéia de “transvalorização de todos os valores” (Nietzsche). Segundo alguns, principalmente os valores cristãos estão sendo combatidos, por isso os mesmos parecem fora de moda. Falar de honestidade, de verdade, de fidelidade, de compromisso, etc., nos tempos atuais é um grande anacronismo. Por isso, há crentes que encontram dificuldades em estabelecer princípios para conduzir suas vidas. Alguns não sabem como encontrá-los ou formá-los, outros, apesar de terem tais princípios, não conseguem operacioná-los em seu dia-à-dia, tornando-se muitas vezes pessoas aéticas, contraditórias e inconvenientes. Precisamos assim de princípios firmes e consistentes que possam nortear nossas vidas, nossas decisões, nossas escolhas, nossas opções. Para nós evangélicos em geral, e batistas em particular, tais princípios são oriundos das escrituras. Como o assunto é bastante extenso, não sendo possível falar sobre todo o alcance da ética cristã, escolhemos falar sobre algo que tem nos incomodado muito nos últimos tempos. Refiro-me aos relacionamentos interpessoais na igreja. As questões que queremos discutir com os irmãos são: Como melhorar o nível e a qualidade dos nossos relacionamentos na igreja ? Como Ter relacionamentos menos superficiais ? Como superar a falta de transparência e as relações meramente formais ? Como tornar o outro de problema a bênção em nossa vida ? Como desenvolver relações sinceras, honestas, fieis e verdadeiras? Creio que é fundamental o estabelecimento de princípios que possam nortear nossas vidas. Tais princípios são fundamentados na Palavra de Deus: 1.Amar um ao outro (Rm 12:10 a). “Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal”. Amor é o princípio da excelência. Vivemos num mundo onde o homem confunde amar com usar. Martin Buber afirmou que Deus criou as coisas para serem usadas e as pessoas para serem amadas, mas o homem tem invertido esta ordem: ama as coisas e usa as pessoas. Relacionamentos onde as pessoas usam as outras pessoas não podem dar certo. Isso, independente do nível de relacionamento que se tem. É preciso Ter em mente que a visão bíblica do amor é de doação, entrega ( Jo 3:16), e não de posse ou usufruto. Na igreja, nunca podemos ver os outros apenas como pessoas que suprem nossas necessidades. O pastor, os diáconos, e outros. Nossa relações não podem ser meramente utilitárias. Estamos mais preocupados em Ter que em Ser (Erich Fromm). Nossa relações às vezes evidenciam isso. Outra coisa: o amor cristão é autruísta e deve independer de respostas, pois senão, como seria possível amar o inimigo, como Jesus nos orienta ? Devemos nos lembrar que nossos irmãos não são inimigos. Precisamos amar o outro ! 2.Aceitar um ao outro (Rm 15:07). “Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para a glória de Deus.” Muitas vezes convivemos com pessoas, mas não aceitamos o seu jeito de ser, suas limitações e potencialidades. Na verdade ninguém é perfeito. Todos somos limitados. A aceitação dos outros depende da aceitação das nossas próprias limitações. (macaco sentado no rabo) Se você não se aceita, terá dificuldades em aceitar os outros, e mais, terá grande dificuldade em receber o outro em sua vida. Essa é a idéia do texto. Não resistir, não criar barreiras. Há pessoas que constroem verdadeiros muros entre elas e o seu cônjuge . Moram na mesma casa, dormem na mesma cama, se alimentam à mesma mesa, mas entre um e outro há uma barreira. Como podem ser felizes juntos ? Na igreja também. A Bíblia nos diz em Efésios 2:14, que Jesus já derrubou todas as paredes que nos separavam, Ele destruiu toda inimizade. O problema é que nós reconstruímos constantemente os muros novamente. (mecanismos de defesa). Precisamos aceitar o outro. Precisamos receber o outro. Precisamos tirar as barreiras que impedem um relacionamento de maior qualidade e maior profundidade. 3.Saudar um ao outro (Rm 16:16). “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.” Esta era a prática na igreja primitiva: a saudação com um beijo. Era a prática comum em muitas culturas da época, como ainda o é em algumas de nossas culturas. O que quero resgatar aqui não é a forma da saudação, mas a saudação em si. Saudar o outro, além de ser educado, tem um grande poder psicológico, pois implica que reconhecemos a existência do outro. Creio que o outro se sente valorizado e notado quando o saudamos. Coisa terrível é a insignificância ! Mas há pessoas que são “craques” em fazer com que os outros se sintam insignificantes ! (Pr Lutero – chamar pelo nome: chamar de meu querido, meu amado, esconde hipocrisia) Há maridos que se levantam e não dão um bom dia, um beijo na esposa e nos filhos. Há esposas que quando chegam em casa não conseguem se dirigir ao cônjuge com uma palavra de carinho. Os filhos pedirem a bênção dos pais já saiu de moda há muito tempo ! Há casais que parecem estar brincando daquela brincadeira que diz que “quem falar primeiro é a mulher do sapo!” ! Há irmãos que não se falam, não se cumprimentam na Igreja. Às vezes até na igreja eles se falam, mas na rua fazem de conta que não conhecem. Precismos saudar o outro ! Precisamos nos comunicar ! “Quem não se comunica se trumbica”! Comunicação com palavras e gestos (todo o corpo comunica). 4.Ter cuidado um pelo outro (I Co 12:25). “Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns pelos outros.” Vivemos numa sociedade extremamente individualista e competitiva. Às vezes permitimos que esse estilo de vida penetre em nossa igreja e então não conseguimos mais desenvolver um compromisso com o bem do outro. Nossa vida passa a ser marcada pela competição e cada um passa a tentar mostar que é superior ao outro. Cada pessoa passa a cuidar da própria vida, dos interesses pessoais, dos seus projetos individuais. Não há mais lugar para o coletivo, não há mais cuidado um do outro. Precisamos resgatar o senso de coletividade, de grupo, dentro de nossos lares. Segundo Rubem Alves, precisamos jogar mais frescobol e menos tênis ! (derrotar, ganhar e prazer em jogar). Precimamos cuidar do outros ! Demosntrar mais interesse, compartilhar ! Ser contra a competição e a favor da cooperação. 5.Não consumir (destruir) um ao outro (Gal 5:15). “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros.” Há irmãos que estão se consumindo dia após dia. Alguns brigam, fazem intrigas e dissensões, e se agridem. Outros matam o irmão no cansaço (agressão). Agredimos fisicamente, com palavras e às vezes com a ausência delas ! O relacionamento na igreja é para o crescimento da igreja. E nesse ponto é bom dizer que a igreja deve crescer junto. Um não tem que destruir o outro para crescer, mas deve apoiar o outro para que cresçam juntos. As intrigar precisam ser superadas com diálogo. Conheci um Casal em que um cônjuge entrou em depressão por causa da ausência de palavras do outro. Precisamos viver em harmonia, incentivando o crescimento de ambos. Toda violência física ou psicológica deve ser abandonada. (Racca) 6.Levar as cargas uns dos outros (Gal 6:2). “Levais as cargas uns dos outros, e assimes tareis cumprindo a Lei de Cristo.” Há momentos na vida que precisamos desenvolver “relações de ajuda”. Esse é um tema bem falado hoje em psicologia, mas que a Bíblia já apresenta há dois mil anos. Para ajudar é preciso estar próximo. Lembram da discussão nos Evangelhos de quem é o próximo ? O próximo não é outro, sou eu (Bom Samaritano). As vezes vivemos em grupos, mas estamos sozinhos. Privatização (Amorese). Somos massa, mas não somos povo. Isso me incomoda nos dias atuais. Vamos aprender a dividir nossas cargar, vamos compartilhar mais nossas vidas. Para isso, é preciso Ter confiança ! Ler 2 Co 1:3,4. 7.Perdoar um ao outro (Ef 4:32). “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” Acho que uma das coisas mais difíceis da vida é perdoar uma outra pessoa, é não imputar sobre ela a culpa que ela tem, é absolvê-la de uma condenação. Somos justiceiros, apesar de extremamente injustos !!! Mas acredito trambém que duas ou mais pessoas não podem andar juntas sem perdão. Acredito que o perdão é fruto da ação de Deus sobre nossa vida. Para que aconteça devemos deixar Deus agir em nossa vida, nos conscientizando que somos pecadores e que também nós precisamos do seu perdão. Não há relação sadia sem necessidade de perdão, pois não há cconvivência sem mágoas, frustrações e ressentimentos. Somos todos imperfeitos e por isso fazemos o que não devemos. Magoamos, machucamos ... , precisamos nos arrepender. Precisamos também perdoar o outro por suas mazelas. O perdão é libertador, não só do perdoado, mas também do que perdoa. Por issso precisamos perdoar mais. (exemplo). 8.Não mentir um ao outro (Col 3:9), ou, falar a verdade um ao outro (Ef 4:25). “Não mintais uns aos outros...”, ou, “Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo.” Num relacionamento sério é preciso deixar a mentira e abandonar as meias-verdades. Há relacionamentos que começam a partir de mentiras . Como poderão dar certo ? (caso de um aconselhando) . A verdade precisa ser dita sempre, mesmo que muitas vezes com bastante cuidado para não magoar. Nunca deve ser usada para agredir o outro, mas sempre para ajudá-lo. Por isso a verdade deve ser dita em amor. Não como se estivesse atirando pedras nos outros. Uma outra questão é que há pessoas que perdaram a confiança no outro por causa das mentirinhas. A verdade deve ser dita sempre, mas não para machucar. 9.Encorajar um ao outro (I Tess. 5:11). “Pelo que exortai-vos uns aos outros...” Dizem que uma das características dos homens e mulheres de nosso tempo é a ausência de coragem, ou a covardia. Por isso, homens e mulheres precisam ser encorajados ao, bem, à justiça, etc... Muitas vezes permitimos que palavras duras, de crítica e de desestímulo tomem lugar nos nossos relacionamentos. Há até aqueles que pensam que uma exortação é sempre dura e marcada por repreensões. Nada disso ! A idéia aquí é de estimular, incentivar ao crescimento, encorajar o outro à vitória. As nossas palavras na igreja precisam ser mais positivas. Quantas vezes uma crítica desestrutura e desanima o outro, impedindo-o que continue lutando por alguma coisa. Não devemos induzir o outro ao erro, mas ao acerto. (novamente o frescobol). Precisamos encorajar mais. Precisamos crescer juntos! 10.Orar um pelo outro (Tg 5:16 b). “... Orai uns pelos outros...” Esta é uma característica imprescindível nos relacionamentos cristãos. Inclusive por que, acredita-se, os cristãos oram constantemente. Se oramos, em especial devemos fazê-lo por nossos queridos irmãos (até pelos não tão queridos). Precisamos aprender a agradecer a Deus pela igreja que nos tem dado. Vivemos o tempo de crise institucional. Fazemos críticas. Não vemos o que de bom há em nosso meio. Agradecer por tudo, por pessoas, situações, vitórias, e até pelas dificuldades, pois através delas temos tido o caráter moldado. Às vezes somos muito murmuradores e não sabemos valorizar o que temos. “A grama da casa do vizinho é mais verde do que a da nossa casa...”. Precisamos aprender a interceder pela igreja que Deus nos tem dado. Colocando vidas, problemas, dificuldades, planos, projetos. Tudo deve ser apresentado diante de Deus. Devemos consagrar constantemente nossa vida à Deus. Precisamos Ter mais fé, sabendo que muito pode a oração de um justo. Necessitamos acreditar que Deus é misericordioso e cheio de graça, e que Ele supre as nossas necessidades. Aquele relacionamento que você acha que não tem jeito, tem jeto sim. Deus pode dar um jeito nele se você quiser. CONCLUSÃO: Os princípios bíblicos devem ser seguidos para que haja estabilidade na Igreja. A Palavra de Deus é norteadora. Praticando os princípios melhoraremos a qualidade dos relacionamentos, nas mínimas coisas. Isso gerará prazer e alegria na convivência eclesiástica, tornando estáveis os relacionamentos. Isso faz-me lembrar de Jesus, ao final do Sermão da Montanha, quando falou sobre os dois tipos de ouvintes (Mt 7): os que são como os que constroem a casa sobre a areia. Ouvem, mas não praticam; 2)Os que são como os que constroem a casa sobre a rocha. Ouvem e praticam. Que as nossas igrejas, os nossos relacionamentos eclesiásticos sejam construidos sobre a rocha, para que diante das tempestades da vida, das instabilidades cotidianas, possam estar firmes, de pé, para a glória de nosso Deus !!! por Pastor Diogo Magalhães